O sistema nervoso entérico retransmite o estresse psicológico para a inflamação intestinal
Uma nova compreensão sobre o tema
Baseado no artigo https://doi.org/10.1016/j.cell.2023.05.001
Na complexa tapeçaria da saúde humana, o estresse psicológico e a inflamação se destacam como fios que permeiam muitas doenças. Há um elo frequentemente esquecido - a conexão íntima entre estresse psicológico e inflamação intestinal. A exploração dessa interação dinâmica lança luz sobre uma correlação convincente, com o sistema nervoso entérico (ENS) emergindo como o principal condutor desse conjunto.
O ENS, o "segundo cérebro" do nosso corpo, desempenha um papel essencial na transmissão de sinais de estresse para o intestino. Esse processo desencadeia uma cascata de eventos que leva à inflamação mediada por monócitos - uma resposta defensiva que, infelizmente, pode fazer pender a balança da proteção para o dano. Adicionando combustível ao fogo, a exposição crônica a glicocorticóides - hormônios liberados em resposta ao estresse - aumenta esse efeito inflamatório.
No turbilhão de estresse contínuo, os glicocorticóides instigam uma série de mudanças prejudiciais. Esses hormônios induzem a glia entérica inflamatória, levando ao recrutamento de mais monócitos por meio do CSF1 (fator estimulador de colônia de macrófagos), uma molécula sinalizadora que guia as células imunes aos locais de inflamação. As consequências não param por aí, no entanto. Eles também desencadeiam imaturidade transcricional nos neurônios entéricos, um estado de desenvolvimento interrompido que resulta em dismotilidade - atividade muscular intestinal anormal - e inflamação adicional.
Para elucidar essa conexão intrincada, um recente estudo confirmou minuciosamente a relação entre estresse psicológico, inflamação intestinal e dismotilidade em três coortes separadas de pacientes que sofrem de doença inflamatória intestinal (DII).
Esses métodos cobrem um amplo espectro, desde modelos experimentais até detalhes do assunto. Notavelmente, esses assuntos abrangem diferentes espécies e populações, como camundongos, uma coorte de validação, uma coorte de estresse prospectivo e até mesmo o extenso UK Biobank (um grande banco de dados de longo prazo no Reino Unido, que investiga as respectivas contribuições da predisposição genética e da exposição ambiental ao desenvolvimento de doenças). O alcance investigativo do estudo não para por aí. Aprofunda ainda mais uma variedade de modelos e abordagens distintas, incluindo o modelo de colite DSS, o modelo de estresse de contenção, o paradigma de estresse experimental e o modelo de IL-10/- colite, entre outros.
É importante destacar o impacto prejudicial do estresse. Não apenas contribui para a inflamação crescente; induz ativamente a glia entérica inflamatória, provocando mais monócitos no local da inflamação via CSF1. Como se completassem uma tempestade perfeita, os glicocorticóides causam imaturidade transcricional nos neurônios entéricos e dismotilidade por meio de outra molécula sinalizadora, o TGF-b 2.
Em resumo, a pesquisa fornece uma exploração robusta dos intrincados laços entre o estresse psicológico, o ENS e a inflamação intestinal. Compreender essas relações pode abrir novas portas para abordagens terapêuticas para pacientes que sofrem de condições como DII, oferecendo esperança diante de sintomas debilitantes.
Dr Marcos Cajueiro Fernandes
Formação - Faculdade de Medicina do ABC Residência - Hospital Municipal Antônio Giglio e Faculdade de Medicina do ABC Contato: Instagram Clínica Orthocore - Avenida Harry Prochet 710, telefones (43) 41 41 51 22 e (43) 988 590 809 (Whatsapp) linktr.ee/drmarcoscajueiro